terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O papel do CAPS na rede de atenção à saúde mental



A idéia de rede de atenção à saúde mental ou rede de cuidados teve seu ápice a partir da segunda metade da década de 1980. Um dos maiores desafios na implementação da reforma psiquiátrica é justamente a consolidação dessa rede de atenção, ou seja, a efetiva articulação dos diversos serviços de saúde (e também sociais) na atenção à saúde mental. Não podemos esquecer também da noção de território que permite a lógica de funcionamento dessa rede.

Os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ocupam lugar estratégico na rede de atenção à saúde mental, configurando-se como o direcionador das políticas e programas locais de saúde mental. Tomando como referência o documento Saúde Mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial do Ministério da Saúde, podemos citar algumas atribuições do CAPS dentro dessa rede de atenção à saúde mental, como: desenvolvimento de projetos terapêuticos e comunitários, medicamentos, encaminhamento e acompanhamento de usuários que moram em residências terapêuticas e auxílio para o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e Equipes de Saúde da Família no cuidado domiciliar.

Diante da complexidade dessa rede, na qual os CAPS deveriam trabalhar em conjunto tanto com a atenção básica quanto com os recursos sociais existentes no território (destaque para a articulação com o CRAS - Centro de Referência de Assistência Social), será que esses serviços especializados cumprem tal função ou atuam de forma isolada, tornando-se pequenos ambulatórios?

Em entrevista, a psicóloga Alessandra Santos do CAPS de São João del Rei nos esclarece como esse serviço é articulado dentro da rede de atenção à saúde mental do município. Segundo Alessandra, o CAPS atua juntamente com o Centro de Convivência e Cultura da cidade, encaminhando pacientes estabilizados para as oficinas de artesanato, complementando, assim, a tarefa da reabilitação psicossocial.

A psicóloga também nos informa que foram feitas algumas capacitações das equipes dos PSF (Programa Saúde da Família) da cidade pelos profissionais que trabalham no CAPS, focando, principalmente, a questão da medicação.

Percebemos que a articulação do CAPS e a atenção básica está em processo de construção no município, uma vez que ainda falta um programa contínuo e regular para efetivar essa articulação, como por exemplo, o apoio matricial.

Dessa forma, é necessário analisar a implementação das equipes dos serviços de saúde mental bem como a gestão desses serviços a fim de conhecer suas práticas e a concepção de saúde ali existente. Os serviços de saúde mental, especificamente os CAPS, não podem funcionar isoladamente, sendo atravessados por ações sobrepostas. Senão, em contrapartida, teríamos a desarticulação da rede de atenção à saúde mental.



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